Está de volta o curso “Conheça Santos pela Literatura”

Além de aulas gratuitas sobre a História da cidade, participantes vão gravar um podcast sobre o tema e elaborar um atlas literário de Santos

Três autores que receberam o Prêmio Nobel de Literatura trataram da cidade e do Porto de Santos em seus escritos: Rudyard Kipling (1865-1936), Pablo Neruda (1904-1973) e Mario Vargas Llosa (1936). Além deles, o porto e a cidade também foram tema de outros clássicos dos séculos XIX e XX: Jorge Luis Borges, Guy de Maupassant, Blaise Cendrars, Elizabeth Bishop e Yukio Mishima e, entre os brasileiros, Jorge Amado, Rui Ribeiro Couto e Oswald de Andrade. E há a riqueza de nomes que aqui vivem e viveram, como Roldão Mendes Rosa, Ranulfo Prata, Narciso de Andrade e contemporâneos como Madô Martins, Lídia Maria de Melo, Flávio Viegas Amoreira, Alberto Martins e Chris Ritchie.

Para conhecer esses e outros escritores e escritoras que trataram da cidade como tema ou cenário para suas obras, realizo a partir de agosto mais uma edição do curso Conheça Santos pela Literatura. O curso terá uma aula inaugural no sábado, dia 10, às 15h30, dentro da programação da 13ª Festa do Livro, na Estação da Cidadania, em que irei apresentar o conteúdo do curso e as novidades deste ano:

Exemplares de diferentes edições do romance Navios Iluminados, uma das obras mais analisadas ao longo do curso

Essa vai ser a maior das edições do curso, que foi criado em 2011. Além de repetir e ampliar os passeios em lugares da cidade citados em obras de poesia e ficção, vamos produzir ao longo do curso um podcast e um atlas literário da cidade. A ideia é que os próprios participantes criem conteúdos para o podcast e para o atlas, um registro que sirva para futuras consultas e pesquisas.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo formulário no botão acima. As aulas são presenciais e com lista de presença. Serão emitidos certificados por módulo realizado com presença requerida em 75% dos encontros. O atlas literário será editado em formato PDF, enquanto o podcast (seis episódios), como todo o curso, será produzido pela Associação Cultural José Martí da Baixada Santista, que abrigará o material produzido na página da newsletter da associação e em redes sociais. Todo o curso, o podcast e o atlas são gratuitos pois serão realizados com recursos da Secretaria de Cultura destinados à atividade por meio de emenda parlamentar. Detalhes de todos os encontros na página do curso nesta newsletter.

Módulo I

Para que o maior número possível de pessoas possa participar, o curso foi dividido em três módulos, cada um com quatro encontros, complementares, mas independentes entre si. O primeiro, Descobrindo a cidade, ocorre a partir do sábado seguinte, dia 17, na sede da José Martí, na Rua Sergipe, nº 15, Casa 2, no Gonzaga, a partir das 15 horas.

O tema do primeiro dia é “Os poemas de chegada”, com poesias escritas sobre a chegada ao porto, entre as quais Santos revisitado (1927-1967) do chileno Pablo Neruda; Contrabando de Oswald de Andrade; Chegada em Santos do belga Blaise Cendrars e Chegada a Santos da norte-americana Elizabeth Bishop.

Elizabeth Bishop, Blaise Cendrars e Pablo Neruda, que descreveu Santos como uma "axila" do Brasil

No segundo encontro, no dia 24, “Mas o que narram aqueles que ficam?”, é a vez das imagens poéticas de autores que viveram ou vivem em Santos, entre os quais Narciso de Andrade, Roldão Mendes Rosa, Rui Ribeiro Couto ou os contemporâneos Madô Martins, Flávio Viegas Amoreira, Raphael Morone e Carlos Roque.

Capa de Poemas do não e da noite, de Roldão Mendes Rosa

Em 31 de agosto, o tema é “Imigrantes na cidade”, com cenas de travessias e viagens entre Portugal e Espanha e os portos de Santos e Buenos Aires nos romances Navios Iluminados (1937), de Ranulfo Prata, e Barcelona Brasileira (2002), de Adelto Gonçalves, e em As crônicas do Brasil, de Rudyard Kipling, ou imigrantes britânicos no romance Glasgow Green (2020), de Chris Ritchie. Na quarta aula, 7 de setembro, uma conversa a partir de uma perspectiva diferente sobre Braz Cubas, Saturnino de Brito e Patrícia Galvão. Ao final do módulo, um passeio literário junto ao cais programado para ocorrer no Parque Valongo. A cada encontro, os participantes vão criando o conteúdo tanto para o podcast quanto para o atlas.

Ao longo de setembro, outubro e novembro, ocorrem os outros dois módulos: Cruzando a cidade, e Por dentro das obras, que devem ocorrer também em outros locais e horários, para que mais pessoas tenham acesso à atividade. Cruzando a cidade começa com um panorama dos romances ambientadas nos bairros portuários de Santos e como seus personagens circulam peos cenários urbanos. Navios Iluminados, Cais de Santos (1939), de Alberto Leal, Agonia na noite (1956), de Jorge Amado, Os viralatas da madrugada (1980) e Barcelona Brasileira (2003), de Adelto Gonçalves, Glasgow Green e A Trilogia dos Ossos, de Alberto Martins, formada pelas novelas de A História dos Ossos (2004), e os romances Lívia e o cemitério africano (2013) e Violeta (2023).

Outro destaque do módulo é a forma como o porto e a cidade são descritos por autores internacionais em obras como o conto O Aleph (1949), de Jorge Luis Borges e os romances O marinheiro que perdeu as graças do mar (Japão, 1963), de Yukio Mishima, Trópico enamorado (Bolívia, 1968), de Augusto Céspedes e O sonho do celta (Peru, 2010), de Mario Vargas Llosa.

Também faz parte do módulo uma conversa sobre os relatos de viajantes, desde os primeiros momentos da ocupação colonial ate viajantes do século XX, entre os quais João Leitão, um inglês no Engenho dos Erasmos, os diários do corsário Thomas Cavendish, que saqueou a vila de Santos, e do pirata Anthony Knivet, cartas de jesuítas, as crônicas de Rudyard Kippling, a viagem intelectual de José Vasconcelos, ministro da Educação do México ou as referências de Richard Burton, aventureiro e cônsul em Santos.

No terceiro módulo, Por dentro das obras, a proposta é fazer um raio-x de algumas obras, aprofundando os estudos sobre o romance Navios Iluminados, “o mais belo livro já escrito sobre a cidade de Santos”, considera Atanes, que teve até uma tradução para o espanhol publicada em Buenos Aires em 1941, e a Trilogia dos Ossos de Alberto Martins, por mostrar o cais das operações portuárias no momento atual do neoliberalismo.

Outro destaque é a apresentação do poema Fugindo ao cativeiro (1908), de Vicente de Carvalho, como se fosse um roteiro de cinema. E, por fim, como o porto serve de cenário a histórias de terror como no conto O Horla (1887), de Guy de Maupassant ou de invasão de monstros como na novela visual Monstros!, de Gustavo Duarte.

Confira os detalhes de cada encontro na página do curso nesta newsletter.

Ouça também o podcast Navios Iluminados - 10 cenas: